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Tese do IPÊ escolhida como melhor do PPGCOM/UFMG em 2023

 


A tese "Quando o luto é luta, mobilização é ato criativo: Experiências coletivas de jovens e mães contra o genocídio da juventude negra", de Rafaela Pereira Lima, orientada pelo Prof. Márcio Simeone, foi escolhida pelo Colegiado do PPGCOM/UFMG a melhor tese defendida no Programa em 2023, por meio de comissão de avaliação. A pesquisa seguirá para disputa de diversos prêmios que requerem indicação do Programa.

O trabalho aborda os processos de comunicação para a mobilização social construídos por dois públicos que estão entre os mais atuantes no ativismo em curso contra o genocídio da juventude negra no Brasil: o Fórum das Juventudes da Grande BH (rede que reúne coletivos e entidades juvenis da Região Metropolitana de Belo Horizonte, MG) e a Rede Mães de Luta (constituída por grupos de mulheres cujos familiares tiveram direitos violados e/ou foram assassinados). O foco recai principalmente sobre a performance pública das duas redes em questão: lutas sociais que se dão em condições radicais, liminares entre vida e morte. Tece sua contribuição aos estudos da comunicação para a mobilização social ao descrever e evidenciar as dinâmicas dos atos criativos por meio dos quais tal performance pública é construída. 

A análise demonstra que, no percurso entre o compartilhamento das dores e angústias ligadas às violências vividas por cada pessoa e a ação coletiva para dar visibilidade à luta, algo precioso acontece. Há um moldar coletivo da expressão, que é um ato poético: os gritos indistintos de dor e desespero das pessoas que sofrem as violências são a base de um processo de modelagem coletiva e colaborativa, a partir do qual se tornam um clamor público por justiça. 

A partir da análise de diversas dimensões desse processo de modelagem, o estudo defende que jovens e mães constroem uma vigorosa ação política: em sua performatividade, subvertem as lógicas do preconceito enraizado na estrutura racista da sociedade brasileira. Conclui que o modo de ação dessas lutas liminares é encarnado, vivencial. Destaca que o que se experimenta, nos processos abordados, é o vivenciar-como-luta: a experiência integral, vívida e intensa de fazer do luto, luta.